foto: Maíra Barillo
Integrando o projeto de
pesquisa “A teatralidade cinematográfica e o uso de novos dispositivos na
produção de imagens” (FAPERJ/CNPQ), da Universidade Federal do Rio de Janeiro
(UFRJ), sob orientação da professora doutora Gabriela Lírio Gurgel Monteiro,
“Baleia” nasceu da experimentação do campo de articulação entre teatro e cinema,
em uma pesquisa sobre representação de territórios. No processo, a interação
corpo-imagem foi investigada nas suas variadas formas, para a criação de
dramaturgia e linguagem cênica. O audiovisual como dispositivo de criação e a pesquisa
do teatro gestual são responsáveis por preencher os entres da cena.
“Baleia” parte da clássica narrativa da saída
do sertão para a cidade grande, utilizando-se do jogo com o imaginário do
cordel, consciente de que ele é uma representação de um espaço que, na verdade,
é também múltiplo e polifônico, para contrapor-se ao funcionamento da cidade,
ampliando a narrativa. É uma peça sobre comunicação. Acostumados ao excesso de
signos que a cidade oferece, não percebemos o quanto estamos amarrados às suas
engrenagens de funcionamento. Colocar dois personagens recém chegados de um
espaço sem esses códigos é a maneira de estabelecer jogo crítico com isso.
Espaço e tempo se transformam completamente, assim como a narrativa, que perde
rima e ganha dureza, velocidade, para retratar uma cidade que sabe cobrar por
cada espaço ocupado.
Dois
personagens saem do sertão em busca de novos caminhos banhados por salgadas
águas. Talvez ali esteja escondido um novo mundo. De fato, está. No
caminho, poesia, sol, retalhos, Mastercard, parto, morto, igreja, Calcinha
Preta, fome, cangaço, medo, vida, Rosa, segunda, terça, quarta, meses, anos,
chegada. A cidade. É grande. O fluxo de informações atropela, a cidade surge do
chão. Atores e personagens se confundem em um autobiográfico, inevitável quando
colocamos em cena essas dinâmicas. Cidade coexiste com sertão, e sertão dorme
debaixo de cidade. Não é sobre invadir, mas deixá-la invadir a sala de ensaio,
a cena (encontro inevitável).
“Baleia”
é caminhada. É descoberta. De afeto, de linguagem, de modos de operar sobre o
novo. Enfrentamento de espaços. A tentativa é de abarcar nossos próprios
trajetos, humanos. Um caminho sem volta, que fere, modifica, transforma, cria. Em
cena, tratamos de Maria e João. Falamos de sertão, mar, cangaço, fé. De um tudo
que pode ser transformado em retalho. De gente que se veste com roupa de medo.
De aparições do outro mundo. De tudo aquilo que se torna plenamente possível
debaixo de qualquer sol forte.
Ficha técnica
Dramaturgia e direção: Lívia Ataíde
Orientação: Gabriela Lírio
Assistência de Direção: Marina Nagib
Elenco: Davi Palmeira e Luiza Rangel
Direção musical e Trilha sonora: João Werneck e Ricardo Monteiro
Direção de arte: Marcela Cantaluppi
Assistente de arte: Jhonatta Vicente
Visagismo: Lívia Porch
Iluminação: Lívia Ataíde
Projeto Gráfico: Davi Palmeira
Produção: Coletivo Errante
Registro fotográfico: Maíra Barillo
Realização: Universidade Federal do Rio de Janeiro
Orientação: Gabriela Lírio
Assistência de Direção: Marina Nagib
Elenco: Davi Palmeira e Luiza Rangel
Direção musical e Trilha sonora: João Werneck e Ricardo Monteiro
Direção de arte: Marcela Cantaluppi
Assistente de arte: Jhonatta Vicente
Visagismo: Lívia Porch
Iluminação: Lívia Ataíde
Projeto Gráfico: Davi Palmeira
Produção: Coletivo Errante
Registro fotográfico: Maíra Barillo
Realização: Universidade Federal do Rio de Janeiro
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